"Mil desculpas" de Ségolène após declarar guerra à Nutella
"Hoje no menu: pão e Nutella", escreveu o ministro do Ambiente italiano, Gian Luca Galetti, no Twitter. Já Agnese Landini, a mulher do primeiro-ministro Matteo Renzi, preferiu ir com a filha comer um crepe com Nutella e chantilly. O motivo desta união italiana atrás do creme de avelã da Ferrero foram as palavras da ministra da Ecologia francesa, Ségolène Royal, que na segunda-feira pediu para não se comprar Nutella para proteger o ambiente. Ontem veio pedir "mil desculpas".
Para o deputado Michele Anzaldi não há dúvida de que as declarações de Ségolène, ex-candidata presidencial e ex-companheira do presidente François Hollande, foram "um deslize feio e grave da França em relação à excelência italiana". O eleito do Partido Democrático (o PD de Renzi) explicou ainda que a Ferrero, que produz a Nutella, se comprometeu a apenas usar óleo de palma "certificado 100% sustentável".
Foi precisamente a presença do óleo de palma na composição da Nutella que levou Ségolène a insurgir-se contra o creme de barrar. "É preciso voltar a plantar árvores, porque houve uma desflorestação maciça que leva ao aquecimento global. É preciso parar de comer Nutella, porque contém, por exemplo, óleo de palma", afirmou a ministra no programa Petit Journal do Canal+. E ao apresentador, que lhe lançou: "Mas a Nutella é boa", Ségolène respondeu: "Sim, mas não devemos usá-la porque foi o óleo de palma que substituiu as árvores e provocou danos consideráveis. Eles têm de usar outras matérias-primas."
Se os responsáveis italianos não esconderam a indignação, a Ferrero preferiu não comentar diretamente as palavras de Ségolène. O fabricante da Nutella preferiu sublinhar as suas preocupações ambientais e garantir: "Tomámos medidas, entre outras, no que toca ao óleo de palma. O cultivo das palmeiras em questão pode ser feito dentro do respeito pelo ambiente e pelas populações locais." A Ferrero abastece-se de óleo de palma na Malásia, na Papua-Nova Guiné e no Brasil.
Popular, mas menos
As declarações de Ségolène nem sempre são bem recebidas. E se a sua popularidade se mantém a níveis invejáveis - 41% dos inquiridos num estudo Odoxa para o Le Parisien têm opinião positiva sobre a sua pessoa e 44% aprovam a sua atuação como ministra -, a verdade é que tem vindo a cair. A mesma sondagem, realizada no início do mês, mostra que 80% dos franceses descrevem a ministra da Ecologia como "ambiciosa". Para 62%, a ex-companheira do presidente Hollande é "demasiado autoritária", 55% dizem-na "impulsiva" e 49% garantem que é "arrogante". Mas também há quem a ache corajosa (57%) e dinâmica (56%).
Dentro do próprio ministério, a sua atuação surpreende por vezes. Como no caso das suas declarações sobre a Nutella de que a sua equipa só terá tido conhecimento quando ela as proferiu na televisão, garante a Metronews.